domingo, 9 de março de 2008

A MARATONA DE LISBOA


Estou um bocado aborrecido porque o mordomo não me levou à manifestação. Eu estava doido por ver aquelas ruas todas sem carros e cheias de cheirinhos do Minho ao Algarve que os professores trouxeram para Lisboa. Ainda por cima, vi depois na televisão, montaram lá umas barraquinhas de salsichas no pão. Os idiotas chamam àquele petisco delicioso "cachorros quentes". Mas eu nem preciso da mostarda para engolir o pãozinho todo e fazer pepitas dessa piadola de mau gosto.

Perdi a oportunidade de manifestar o meu bom gosto mas não perdi pitada do que aconteceu porque ontem esqueci-me do Canal Panda, o meu preferido, e passei a tarde a ver notícias na televisão. Julguei que ia ver o senhor com quem estão sempre a embirrar por ser engenheiro mas ele não apareceu. Parece que resolveu mudar as regras da etiqueta. Em vez de receber as pessoas e de pagar a todas uma rodada de pãezinhos com salsichas mandou na véspera um amigo dele a Chaves. A mudança de regras tão antigas foi tão repentina que ninguém percebeu a gentileza vespertina do enviado especial.

Aquele senhor careca que tem óculos e espeta muito o dedo quando fala no Parlamento chegou a Chaves num carro muito bonito e foi mal recebido. As pessoas devem ter interpretado que ele não queria que fossem elas a disfrutar da viagem. Ficaram decepcionadas. Então, se até os polícias já tinham ido às escolas delas saber quem queria vir, deixando-as seguras de que a deslocação não tinha riscos, para quê antecipar a conversa? O senhor careca de óculos ficou de dedo espetado e até disse muitas coisas sobre liberdade mas não conseguiu quebrar a firme relação estabelecida entre as pessoas e a polícia.

De maneira que ontem foi um dia lindo. Nunca o senhor que implicam com ele por ser engenheiro tinha tido tanta gente junta por causa dele. A polícia, como sabe que ele gosta de correr em segurança pelas ruas, aproveitou e cortou o trânsito. Estava tudo bem preparado para a maior maratona de Lisboa, se descontarmos o facto de faltar eu. Mas o senhor que é engenheiro e desata a correr em todas as cidades que visita desta vez não quis participar. Não fora as salsichinhas ainda serem uma comidinha acessível e a grandiosa maratona de Lisboa tinha descambado numa fome colectiva. Tenho estado a pensar no que o terá levado a faltar a uma corridinha tão boa mas, como nele ninguém manda, não encontro explicação
.

1 comentário:

Carago disse...

Porreiro Pá ! Bem apanhado! Sabes, identifico-me bué contigo, a não ser que sou azul e branco ( tal como o meu mordomo) e de raça Boxer. Alias a mulher do meu mordomo está farta de aturar isto e em Outubro, mesmo com penalização farta, como já tem 33 anos a tentar ensinar meninos e meninas,vai tratar da aposentação...
Ah...já me esquecia...o meu nome é Porthos...vivo na terra daquele senhor de óculos e dedo no ar que foi a Chaves ...e estou a usar o PC do meu mordomo...